Mutirões, ações educacionais, distribuição de panfletos informativos, vistorias em residências, coleta de lixo em áreas públicas e também a vacinação de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos nos municípios já contemplados pelo Ministério da Saúde com o imunizante contra a dengue foram ações desenvolvidas no sábado, 9/11, na ação estadual “Minas Unida Contra o Mosquito”, com o objetivo de ampliar os cuidados para a prevenção de arboviroses (doenças como dengue, zika, chikungunya, por exemplo).

Em 2024, Minas Gerais registrou a pior epidemia de dengue da história, com mais de 1,3 milhão de casos confirmados e mais de mil óbitos. As arboviroses (doenças causadas pelo mosquito como o aedes) são doenças preveníveis e evitáveis. Para isso, é necessário o apoio da população.

Foto: SRS Ponte Nova

O subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) Eduardo Prosdocimi, esclarece que a população pode ajudar no combate ao mosquito Aedes aegypti, tampando caixas d’água, piscinas, reservatórios de água, limpando calhas e os bebedouros dos animais de estimação. “É importante lembrar que qualquer recipiente pode acumular água e ser um potencial foco para o mosquito depositar os ovos, portanto, a população precisa reforçar as ações de prevenção e descartar o lixo ou entulho nos locais apropriados”, pontua Prosdocimi.

 

Gerência Regional de Saúde de Ubá

Até o dia 11/11, por meio do painel de arboviroses de Minas Gerais, os 31 municípios que compõem a regional de saúde de Ubá confirmaram 20.723 casos prováveis de dengue e 2 óbitos confirmados pela doença, com sete ainda em investigação. Os dados referem-se ao ano de 2024.

Trinta municípios aderiram à estratégia estadual de enfrentamento ao Aedes e estão com ações durante o mês de novembro, sendo que nove realizaram o Dia D no último 9/11. O município de Mercês realizou um mutirão envolvendo a população. Sharlene Falco é moradora de Mercês e se engajou na mobilização na rua próximo ao Lar de Idosos. "No último verão, aconteceu um impacto muito grande de dengue nos abrigos e nos funcionários. Foram várias internações e a saúde deles ficou debilitada. Uma das cuidadoras sofre com sequelas até hoje", relatou.

Moradora de Mercês auxilia no mutirão de limpeza contra o Aedes - Foto: GRS Ubá

 

Sharlene conta que a iniciativa de começar a prevenir antes do período de maior incidência da doença é fundamental. "Estava passando pela rua e vi a movimentação, fiz questão de ajudar. Fui conversando com outros moradores e também coletando inservíveis que poderiam se tornar foco do mosquito. Essa é uma ação que todos devemos tomar, não só a Prefeitura e o Estado, porque para eliminar o mosquito só com o trabalho em conjunto, incluindo a população", avalia Sharlene.

Para Luciana Zanotti, coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da GRS Ubá, as ações são imprescindíveis para despertar a população para a prevenção. “Estive na atividade do Dia D em Ubá e estou acompanhando os outros municípios da região. Tem sido um esforço muito bonito de se ver, ao final deste ano tão turbulento em vários aspectos para as equipes municipais. Eles abraçaram a causa e todos estão com ações de conscientização, buscando colocar o cidadão nesse enfrentamento, visto que o mosquito se reproduz principalmente dentro das residências e são os moradores que podem evitar isso”, disse Luciana. 

 

Superintendência Regional de Saúde de Ponte Nova

Na área da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova, a chuva forte não desanimou o pequeno município de Dom Silvério, de apenas 5.227 habitantes. O Dia D - Minas Unida no Combate ao Mosquito - contou com várias frentes, entre as quais uma blitz educativa na Praça Presidente Vargas, faixas espalhadas em vários pontos, panfletagem no comércio local e uma gincana temática na Escola Municipal Nossa Senhora da Saúde, onde foi instituído dia letivo. Os alunos também puderam conhecer equipamentos, como bomba costal, máscara de proteção, microscópio para análise de larvas e cartazes informativos sobre o ciclo do mosquito Aedes aegypti.

A coordenadora de Vigilância em Saúde de Dom Silvério, Karla Leles, cuja equipe é composta por seis agentes de endemias, acredita que o maior desafio no enfrentamento das arboviroses é a conscientização da população. “Às vezes, encontramos focos, repassamos as orientações, e até fazemos uma notificação. Ao retornarmos aos mesmos locais, é comum nos depararmos com o mesmo problema. E como combater isso? É aí que entra o papel da mobilização social, que convoca a população a nos ajudar com esse trabalho”, declarou, acrescentando que a equipe municipal conta com o auxílio de um drone para localizar potenciais focos. 

Em 2024 (até a semana epidemiológica 43), foram registrados, na área da SRS Ponte Nova, 18.181 casos de dengue e seis óbitos pela doença, além de 2.323 casos de chikungunya e dois óbitos. Segundo a superintendente regional de Ponte Nova, Josy Duarte, para que o enfrentamento à epidemia de arboviroses seja bem-sucedido, é preciso trabalhar os quatro eixos com igual importância: assistência, vigilância epidemiológica, controle vetorial e mobilização social. “Sem a população, nossa atuação jamais será efetiva. Precisamos eliminar os criadouros do mosquito, com responsabilidade e cuidado permanentes. O Dia D vem conclamar a todos a participar dessa luta”, frisou.

 

Superintendência Regional de Saúde de Divinópolis

Na macrorregião de Saúde Oeste, foram registrados, até o momento, mais de 91 mil casos de dengue e 79 óbitos. Ações como blitz educativa, abordagem aos pacientes dos hospitais e policlínica, sensibilização da população em praças e feiras livres foram algumas ações desenvolvidas pelos municípios da macrorregião de Saúde Oeste no Dia D, em 09/11. 

No município de Onça do Pitangui, com mais de 3 mil habitantes, foi realizada orientação sobre o período sazonal, mostras de larvas e pupas, e maquete ilustrando os principais criadouros. Além disso, houve, distribuição de panfletos, divulgação na feira livre da cidade e próximo à  igreja matriz.

Panfletagem na feira no município de Onça do Pitangui - Foto: SRS Divinópolis

 

A coordenadora da Vigilância epidemiológica do município, Mariana Maria Xavier Pereira, destacou que a população ficou bastante interessada e, ao mesmo tempo, assustada ao perceber nas explicações como a reprodução dos mosquitos é rápida quando encontra um ambiente propício, como água parada. “Precisamos que a população também assuma a sua responsabilidade no combate a dengue, eliminando os depósitos de água que podem servir de proliferação para mosquito transmissor, o Aedes”, pontuou a coordenadora.

A coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NUVEPI) da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Divinópolis, Ana Camila Neves Morais, reforça que a antecipação das ações ao período sazonal, que começa em dezembro, é para que os municípios se organizem para evitar agravamento dos casos por doenças relacionadas às arboviroses. “Por isso, a importância da população fazer a sua parte, pois a maioria dos focos encontram-se dentro das residências, onde muitas vezes, o serviço de saúde não consegue atuar. O dia D tem este papel de sensibilizar a comunidade para que  faça esta vigilância doméstica, eliminando os focos do mosquito”, frisou a coordenadora do NUVEPI da SRS  Divinópolis.

 

Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora

Para o superintendente regional de saúde, Enilson Barbosa Coelho, a ação é importante para a mobilização de toda a sociedade. “O Estado se faz presente junto aos municípios para unir forças com a população para que tenhamos um próximo período sazonal mais tranquilo em relação ao último”, explicou.

 Em São João Nepomuceno alguns servidores abordaram os cidadãos alertando para a importância de se prevenir - Foto: SRS Juiz de Fora

 

Em 2024, até o momento, segundo o painel de arboviroses de Minas Gerais, os 37 municípios que compõem a regional de saúde de Juiz de Fora  confirmaram 26.904 casos de dengue e 15 óbitos pela doença. O município de São João Nepomuceno, que até o momento registrou 388 casos no ano, realizou em 9/11 uma ação em pontos estratégicos da região central. Na rodoviária, alguns servidores abordaram os cidadãos alertando para a importância de se prevenir. Um stand montado no local apresentou um mosquito feito com material reciclável e uma amostra de larvas. No calçadão, área de grande circulação de pessoas, agentes também chamavam atenção de quem passava pelo local. 

O coordenador de epidemiologia do município, Odirlei Gonçalves, falou da preocupação em relação aos resultados dos dois últimos LIRAa’s, que é o levantamento  estatístico de ocorrências de criadouros do mosquito. “Em agosto o LIRAa deu 1.7, numa época de estiagem. Isso traz um sinal de alerta para esse período chuvoso que se aproxima”, explicou o coordenador. Em outubro o LIRAa do município ficou em 1.8.

Por Willian Pacheco - SRS Divinópolis / Keila Lima - GRS Ubá / Jonathas Mendes - SRS Juiz de Fora / Tarsis-Murad - SRS Ponte Nova

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