Institucional
14 de Março de 2025
O Brasil é um dos países da região das Américas que incorpora uma ampla variedade de fatores e condições ambientais que podem constituir um risco para a saúde humana. O modelo de desenvolvimento brasileiro foi caracterizado por industrialização acelerada e desordenada, com fluxos migratórios intensos para os grandes centros urbanos, levando à concentração da população em grandes aglomerados urbanos nas áreas periféricas das grandes cidades, próximos a cinturões industriais. Adicionalmente, ocorreram dificuldades em relação ao controle do estado dos processos produtivos, tanto quanto a fabricação, o uso e o manuseio das substâncias e produtos químicos, como quanto à regulação e vigilância da emissão de resíduos oriundos destas atividades (Fróes-Asmos, 2021).
A crescente demanda por novos materiais e produtos químicos, impulsionada pela competitividade do setor industrial e pelo rápido avanço tecnológico, tem aumentado a complexidade dos processos produtivos, consequentemente o volume de produtos perigosos armazenados e transportados também cresceu, elevando o risco de Acidentes por Produtos Perigosos (APP) envolvendo essas substâncias (Freitas et al., 2000).
Produto perigoso é qualquer substância que apresente risco à saúde humana, ao meio ambiente industrial ou à segurança pública, seja de origem natural ou resultante de processos (Freitas et al., 2000). Embora não apresentem risco iminente, esses produtos podem, em caso de acidente, representar uma grave ameaça à população e ao meio ambiente.
Acidentes envolvendo produtos perigosos podem causar sérias
consequências, tais como danos à saúde humana, efeitos psicológicos, aumento dos gastos com o setor de saúde, além de prejuízos econômicos, ambientais e, por fim, perdas de vidas humanas. Essas consequências impactam diretamente as políticas públicas, especialmente na área da saúde (Beltrami et al., 2012).
As ações de resposta por APP podem ser de curto prazo, como a recuperação ambiental do local impactado e o tratamento de pessoas afetadas, ou de longo prazo, visando à redução da vulnerabilidade das populações ao se utilizar procedimentos de controle e prevenção mais eficazes, no sentido de procurar interromper mecanismos de ocorrência dos eventos, exposição e contaminação. Em determinadas situações, pode haver uma combinação complexa das categorias de produtos perigosos e, os efeitos dessas manifestações se manifestam desde formas subclínicas até as mais intensas, como as intoxicações agudas; ou ainda podem se apresentar como doenças crônicas, ou mesmo como carcinogênese, mutagênese e teratogênese (Beltrami et al., 2012).
O Plano de Preparação e Resposta (PPR) a Acidentes com Produtos Perigosos (APP), elaborado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), representa um marco na organização das ações de saúde frente a desastres dessa natureza. Considerando o cenário nacional de rápido
crescimento industrial, aumento do transporte e armazenamento de
substâncias perigosas e os impactos desses acidentes sobre a saúde pública e o meio ambiente, o PPR fornece diretrizes fundamentais para a preparação e resposta eficiente do setor saúde. Este documento busca fortalecer as políticas públicas, orientar profissionais e gestores da área, e reduzir os riscos
e danos associados a APP, promovendo uma abordagem integrada e
estratégica que une prevenção, mitigação e resposta.
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